quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A Vida da Gente, a vida na gente e a gente na vida!UFA!!!

Tenho 39 anos, sou casada e tenho uma filha. Terminei a faculdade de psicologia semestre passado e me empenho em estudar o suficiente para tentar dar conta das muitas histórias que povoam a minha vida profissional e, claro, a minha própria.
Lendo aqui, conversando ali, ouvindo acolá, percebo que tive uma família de origem, muito bacana. Minha mãe principalmente. Mesmo com todas as dificuldades que ela própria como mãe, mulher, ser humano tinha, sempre procurou dar e mostrar o seu melhor. Nem por isso deixou de mostrar o seu lado B, entretanto, percebo hoje que quero ser para a minha filha o que da minha mãe ficou em mim. Como se fosse uma mãe criada/inventada por mim, ou seja, o que restou da minha mãe em mim. A mãe que eu guardo dentro de mim, pode ser, e provavelmente é, diferente da mãe que eu tive na realidade, mas não tem o menor problema, o que importa é que a mãe que tá valendo é essa aqui, que convive comigo 24 horas por dia.
É claro que essa mãe da qual estou falando, só existe dentro de mim, porque tive uma (outra) mãe na dureza do cotidiano que deu a circunferência onde esta pôde se inscrever. A minha mãe, Maria Teresa, foi quem abriu espaço para essa que vive em mim, nascer e prosperar. Sem ela, nada disso seria possível.
Infelizmente, tenho percebido que nem todo mundo pôde, na infância, contar com um mãe como a que eu tive, contar com uma figura que oferecesse respaldo, carinho, bronca, que mostrasse seus defeitos sem grandes problemas, que fosse de carne e osso, e, justamente por ser assim, foi que ela me apresentou uma vida/realidade afetuosa, cambiante, tipo: você está no mundo e o mundo está em você, aproveite. Tenha amigos, fale a verdade mas procure não machucar os outros, tenha compaixão, não seja tão dura nem com você nem com quem te rodeia, fale menos palavrão, vá trabalhar, vá estudar, vá à luta, viva a sua vida, e saiba que eu estou aqui.
Outro dia vivi uma situação bastante angustiante, na qual me deparei com alguém que teve muito pouco desse tipo de mãe, desse tipo de colo, desse suporte psíquico e emocional; uma forma de maternagem que mães desse tipo fazem, independente da idade que o filho tenha. Abre parênteses, esse tipo de mãe sabe que pode atuar dessa maneira porque sabe que o filho já está de posse de sua vida e pode andar com as próprias pernas, ou nadar sem a bóia pois não vai se afogar, devido aos "truques" por ela ofertados.
Trunfos necessários para a vida que se apresenta ao bebê, à criança e ao adolescente. A diferença, ou uma delas, é que o adulto quando se esborracha tem vergonha de mostrar até pra si mesmo que derrapou e a criança chora, caso tenha se machucado ou ficado amedrontada. Porque não pedir colo? Porque não demonstrar que se machucou mesmo sem ter ferida nenhuma para mostrar? Onde foi que aprendemos que nosso infantil tem que ficar escondido no sótão ou no porão? Quem disse? Quando? Porque?
Como eu dizia, faz muito pouco tempo que vivi uma situação onde nitidamente os inconscientes se comunicaram e fui impelida a me utilizar do meu infantil e do da pessoa em questão. Perguntei se poderíamos sentar no chão para que nosso encontro tivesse um campo onde se apoiar e se iniciar. Criança gosta de brincar sentada no chão. E assim foi. Dando vazão a um infantil mastigado e cuspido, mal-tratado e envergonhado, pude me oferecer como um ambiente onde a pessoa em questão se sentiu a vontade para se explorar. Isso está funcionando até agora, e percebo que podemos avançar aos pouquinhos, um passo de cada vez, que nem a criança que aprende a sentar, depois a engatinhar, depois a andar e depois a correr. Mas aprender essas e outras coisas é tão mais prazeroso quando temos alguém nos olhando, né? Onde o adulto se localiza?

Depois que o macaco aprendeu a andar com as duas pernas, deixou pra lá o lado que senta no chão, que se esborracha e levanta sem constrangimento por ter ralado o joelho. Porque comecei falando da minha mãe pra chegar até aqui? Porque com ela pude cair, me esborrachar, choramingar, chorar de me acabar, reclamar, bater porta, escrever bilhete ressentido, carta de amor, cartão de aniversário, de natal, de eu te amo, perder a paciência. Porque ela estava lá. Pra mim, por mim.

Se os adultos pudessem se colocar um dia por ano na pele de uma criança, acho que pensariam duas vezes antes de se aventurarem por caminhos nada esclarecedores aos pequenos, caminhos que confundem, que não acalentam, que não transmitem o que se vê nem o que se sente. Descaminhos. Acorda mundo ou vocês pensam que nosso futuro está nas mãos dos E.Ts?!!!! Que tipo de gente vocês estão pensando em deixar aqui depois que nós morrermos?
Levem à sério as brincadeiras das crianças, e quando puderem, participem, não há creme rejuvenecedor mais eficiente, não há remédio contra a osteoporose mais eficaz!
bjs
ap

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Partida.

Sempre que me apercebo mobilizada por algo, costumo me deixar levar por aquela sensação sobre a qual eu talvez pouco saiba falar. Entretanto, procuro deixar que essa sensação percorra o meu corpo, arrepie meus pêlos, toque a minha alma, produza lágrimas. E estas rolam seja para representar uma alegria esfuziante, seja para demonstrar a tristeza mais profunda.
O filme "A Partida" produziu algo em mim que não sei explicar pois não parei ainda para refletir, apenas senti tudo o que de mais sublime ele me transmitiu. O poder das relações entre as pessoas, as despedidas e a força da vida.
Temas tão complexos mas que são tratados no filme de forma tão singela, doce e suave que me vi num turbilhão arrebatador. Aí você me pergunta: Mas como algo tão sereno, suave, doce e singelo pode ser arrebatador? Pois é, para mim, essa é a força da vida. A sutileza dos movimentos, das falas, dos toques, dos gestos, dos olhares. É só estar aberto e em sintonia com a grandeza e a força da vida que somos capazes de nos deixar arrebatar por essa singeleza e suavidade.
O que quero dizer é que pode ser assim!
Nossa vida pode ser conturbada, o dia a dia pode ser massacrante em muitos momentos, mas nós podemos nos deixar tocar por momentos bem menos alardeantes e eletrizantes e, com isso, sermos levados a sentir e entrar numa conectividade muito mais sensível a nós mesmos. Nós podemos fazer diferente. Nós podemos valorizar momentos singulares, simples mas deveras valiosos para nossa sobrevivência psíquica, amorosa, corporal.
Será que o segredo não consiste em nos atermos à grandeza de sermos seres que sentem? Você é capaz de perceber todas as sensações e sentimentos que lhe foram sensíveis hoje?
Pois é, nós podemos fazer diferente!
bjs
ap

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Eu produzo poltronas.

Andei conversando com uma amiga sobre um termo psicanalítico e percebi que eu produzo poltronas. Explico:
Desde bem pequeninos, somos marcados pelo ambiente que nos cria (ou não), que nos acolhe (ou não), que nos alimenta (ou nem tanto), enfim, não importa muito se fez ou deixou de fazer, o que importa é de que maneira foi feito ou não foi feito. Essa maneira, refere-se ao que fizemos psiquicamente com o que fizeram conosco em tempos bem remotos.
A forma como somos amamentados, acarinhados, deixados a própria sorte até que apareça alguém pra nos socorrer, os cheiros, gestos, palmadas, toques. Somos marcados pelas formas pelas quais o ser humano é capaz de demonstrar amor (ou outro-s sentimento-s).
Nossa história é alinhavada por afetos, cenas, odores, pessoas inteiras, pedaços de pessoas, pele, poros. Mas o mais incrível disso tudo, é que o que vai importar é a maneira como vamos lidar com o que recebemos ou nem chegamos perto de receber, ou nem nos autorizamos a nos aproximar, enfim, cada um vai dar algum destino ao seu incômodo.
Incômodo porque, atrevidos que somos, cremos que somos capazes de reaver algo de preciosíssimo que perdemos lá atrás. Como acreditamos naquele ditado "Ah, eu era feliz e não sabia", buscamos repetir algo que pensamos ter sido vivenciado, e, ainda por cima, de ter sido extremamente prazeroso.
Como nossa memória é construída como se fosse uma colcha de retalhos, justamente porque não temos condições psíquicas para elaborar e lembrar e abrir tantas trilhas quantas fossem necessárias capazes de armazenar e captar tudo a que somos expostos, nosso psiquismo (precário/humano), preso que está a essa situação inaugural de prazer extremo, tenta incansavelmente encontrar algo significativo, uma pirataria do que pensamos que aconteceu. ISSO, se transforma num emblema da felicidade. O que nos propomos a fazer com isso, cada um a seu jeito, é o que vai poder preencher o passaporte que, depois de todos os carimbos possíveis e imagináveis, ainda é válido, pois estamos vivos, respirando.
Os afetos que nos pertencem e dos quais nos apropriamos, vão sendo conjugados às cenas, aos cheiros, gestos, toques e, para que sejamos minimamente seres racionais, pensantes e falantes, embora pareçamos em alguns momentos pensantes ou falantes, como se nos fosse impossível exercer as duas funções de uma só vez, precisamos nos utilizar de nosso corpo e nossa linguagem, para aí sim, nos deixar conquistar (e conquistar o) pelo outro.
A partir de um mínimo de apropriação do que podemos chamar de nosso, podemos partir para o quanto que fica por ser apreendido, transvertido em palavras, em sentimentos, enfim, nossa comunicação entre nós e nós mesmos já é um refogadão de defasagem, imaginem entre nós e o outro?! Sim, o outro também tem sua história e suas marcas.
Isso tudo pra dizer que algo escapa da nossa relação primordial com o outro, e, além do mosaico que compõe nosso álbum de recordações, "resta" um vestígio e não temos realmente como desdobrá-lo, esmiuçá-lo, e acho que nem queremos, pois não vai ter uma aparência razoável, posto que uma imagem(ou cheiro, ou voz, ou toque,ou tudo junto) passa diante de nós em fração de milésimos de segundos, rapidamente a cena muda toda a sua configuração ou parcialmente, mas esse algo da cena anterior restou e fez uma marca, registrada como algo do tipo: "quero mais". Então, a vontade que dá é de ficar pensando nela insistentemente até formar um quadro 'visísivel' novamente, mas que, não será exatamente como foi, pq passou rápido demais e o que 'construímos" foi apenas essa réplica grotesca do que talvez tenhamos pensado que aconteceu.
Mas será que se tivéssemos, psiquicamente, condições de elaborarmos a cena toda de novo com todos os detalhes, conseguiríamos sair de dentro dela? Será que não seria mortificante ficarmos paralisados dentro da réplica? Afinal, estamos presos ou livres na réplica????
Por isso, em alguns momentos da minha vida, eu produzo poltronas, fulano produz filmes, outros escrevem poesias, outros estudam a morfologia das plantas, tantos outros não conseguem terminar um livro, enfim, é claro que não é (SÓ) por isso! Mas toda essa composição de fatos, fatores e pessoas, emoldura, de certa forma, nossas escolhas, nossas preferências, nossas odiosas repulsas, nossa capacidade de rir, nossa generosidade, nossos humores,...
bjs
ap

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amigo é Bom pra CARAMBA!!!!

Sempre disse pro meu irmão: Amigo é a melhor coisa que tem!
Hoje, tenho uma filha, e esse fato maravilhoso, já não me permite proferir essa frase da mesma forma. Mas continuo dizendo: Amigo é uma das melhores coisas da vida!
E é mesmo. Me sirvo daquela velha e surrada frase: "família a gente não escolhe...mas amigo sim". Talvez por ela querer dizer que na família encontramos "iguais", com "histórias iguais" e que, portanto, é mais "fácil" nos relacionar com tais "pares"; já, em se tratando de pessoas com as quais nos relacionamos bem sem que sejamos da mesma família, denota um valor maior, pois que somos diferentes, com histórias diferentes, vindos de lugares diferentes. Ok, blablabl, diferente somos todos!
Pois é, o fato é que amigo a gente escolhe e é escolhido por ele também. E por mais bobeira que a gente faça, ele tá lá do nosso lado sem criticar, às vezes sem falar nada, às vezes nos dando o maior esporro, às vezes só nos abraçando por não se ter nada a dizer, em alguns momentos ele vai até a nossa casa no meio da noite só pra ouvir bem de pertinho nossos apertos, enfim, ele é pau pra toda obra.
E é em homenagem a pessoas assim, com as quais podemos contar sempre que precisamos (amigos familiares ou não), que minha amiga Carol preparou uma lista de filmes (que vai aumentar sempre que ela puder) sem os quais não podemos passar a vida sem assistir, sem debater.
Pegue seu amigo, sua amiga, seus amigos, suas amigas marquem um cinema-em-casa e divirtam-se!
A lista está aí ao lado,ok?!
Carol QUERIDA AMIGA, MUITO OBRIGADA!!!!
bjs
ap

domingo, 23 de agosto de 2009

O que fazer? Como fazer? Quando fazer?

Será que sabemos a responsabilidade que é fazer uma escolha?
Inspirada num filme chamado "Chuva de Verão" e no comentário da minha amiga EP, não resisti e escolhi escrever aqui a ir dormir. Claro que depois desse filme não há a menor possibilidade de eu conseguir dormir, então metade da escolha já está feita, mas e a outra metade? Eu poderia ir pra sala fumar um cigarro, ligar pra Gi que sei que está acordada, enfim, poderia fazer outra escolha.
Por conta do filme, tb me angustiei muito com a questão da adolescência. Que fase complicaaaaada para pais e filhos. Me peguei pensando coisas do tipo: quando será que deixarei minha filha ir pra lá ou pra cá e com quem? ou... Será que vou ter algum tipo de gerenciamento nesse e noutros assuntos a partir de certa idade? e qdo ela estiver com seus 13 anos e me falar que vai pra um lugar e vai pra outro ou que vai com fulana, mas, na verdade estará com cicrano. Ai meu deus, quantas dúvidas. Mas estas escolhas, serão dela. E isso assusta porque já passei por isso, já fiz isso e sei que dei muito trabalho pra minha mãe.
Lembro quando tinha essa idade e sei o quanto é angustiante querermos nos livrar dos nossos pais mas também o quanto é desesperador não tê-los por perto em determinadas horas - por escolhas nossas, aliás.
Às vezes penso, como sobrevivemos às nossas merdas? às nossas escolhas equivocadas? Sorte? ou porque em algum momento fizemos algo certo no meio da escolha errada? ou porque não era pra acontecer uma merda maior? ou porque tivemos alguma ajuda?
Nossas escolhas estão num emaranhado tão grande com a pulsão e com o recalcado (e seu inevitável retorno), pelo menos ao meu ver, que, sinceramente não sei como a humanidade está viva!
A vida é maior? a sorte ajuda? somos seres de escolhas e elas têm um preço e um peso em nossas vidas, entretanto, muitas vezes arriscamos tudo por nada ou por muito pouco, ou por algo que poderia esperar.
Pense, você hoje pode fazer uma boa ou uma má escolha. Só depende de você.
bjs ap

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Quem é o outro pra gente?

Outro dia vi um filme chamado "My Bluebarry night" com o Judy Law (ahhhhh!) e a Norah Jones, e numa parte do filme ela se dá conta ou se questiona sobre quem é o outro, qual é a visão que temos do outro e, consequentemente de nós mesmos ao olharmos para o outro. Confuso,né? Pois é, mas achei extremamente interessante as questões que ela levanta, sem se dar conta de que (oLha eu já viajando..) ela precisou perambular pelos muitos cantos do país onde ela vive e esbarrar com um monte de gente para poder se ver mais de perto e, mais de perto, ter alguma noção disso que ela chama "eu"...aliás, ela e a torcida do flamengo, porque cada um com o seu cada um (eu) e a visão que tem de si e a ansiedade sempre atribulada de querer saber como os outros nos vêem.
Certamente não é do mesmo modo que vc se vê. Provavelmente porque você se vê (mesmo não querendo) por uma diagonal ou por uma transversal que ninguém mais tem acesso, só seu analista, caso tenha algum, porque, de outra maneira, ninguém vai conseguir chegar em uma gruta tão escondida como essa que você esconde de si mesmo.
Mas pra quê? Qual a função de mantê-la como gruta? O que fazer com ela? ou melhor, com isso que dela emana?
Bom, vá ver. A moça do filme precisou viajar, sair da casca e ver o mundo, ver como era vista pelos outros para poder começar a se enxergar e saber "quem ela era". Já você, posso apostar que também será capaz de encontrar uma saída para tal questão, caso a tenha. Divirta-se buscando e busque se divertir!
bjs ap

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Carboidrato Cultural na Veia!

Que mané rabisco o quê?
Onde já se viu confundir tamanha originalidade e força com meros traços passeando pela tela?!
Mas são traços passeando pela tela, são linhas que se cruzam ou que nem se encostam, mas que (pelo menos a mim) transmitem a grandeza desse pintor.
Jackson Pollock foi um pintor americano muito importante para o movimento abstrato expressionista. Pura expressão essa tela, pura fúria das linhas, pura delicadeza das cores, dança contente e harmoniosa que só os grandes mestres têm a sabedoria e ousadia de misturar.
Viva às maneiras que o homem tem de botar pra fora sua beleza e sua malvadeza, sua angústia e seu pavor, seu ódio e sua ternura...
Que bom podermos aprender a tocar um instrumento, dar aula de leitura de partitura, fotografar um animal em movimento, deixar sair da sua cabeça vontades, quereres inamigináveis, bocejos quentes de curiosidade.
Esse desejo inabalável que você não quer ver, nem sentir, nem saber, nem olhar; pode e deve ser procurado, esmiuçado, revirado, esgarçado, encarado e depois pintado, fotografado, filmado, posto num vaso ou num mural, exibido ou guardado, mas evidenciado para, pelo menos, uma pessoa. Você.
Divirta-se visitando esses sites que vem de longe e criando idéias, inspirando futuras aspirações em lugares físicos bem próximos de nós, cariocas.bjs ap